17 de mar. de 2010

A ascensão dos shoppings populares.

Matéria publicada na Revista Varejo e Oportunidades Janeiro/Fevereiro 2010.

O aumento do poder de compra das classes C, D e E causou forte impacto no varejo. A entrada de novos consumidores no mercado acelera o lançamento de shoppings até com nova rede de cinema mexicano.
Por Viviane Lopes

Antes do boom da classe C, o Shopping Popular da Madrugada de São Paulo já antecipava o surgimento dos empreendimentos voltados para esse público. Inaugurado em 2005, foi uma alternativa legalizada ao comércio realizado nas ruas do Brás e 25 de Março.
Atualmente, o espaço de 70.000m2 recebe 800 mil pessoas todo mês. A grande maioria de outras cidades e estados, em busca de produtos a preços populares para revenda. O shopping tem 5 mil boxes, com um valor médio de locação a R$ 400,00 cada. A maior parte, 85%, vende vestuário e os demais trabalham com bijuterias, bolsas, cintos, cama, mesa, banho e acessórios diversos. Todos os produtos têm garantia de procedência e nota fiscal. E para maior conforto dos compradores há telefones públicos, quiosques de alimentação, enfermaria, caixas eletrônicos, seguranças e pousada para mais de 400 motoristas e guias que trazem compradores diariamente.
No último ano, o crescimento foi de 12% e o mercado aquecido deve manter o aumento em 2010. O motivo do crescimento contínuo certamente está no modelo diferenciado de negócio: “É possível comprar varejo também no Shopping Popular, mas o grande diferencial é que eles vendem para lojistas e sacoleiros de outras regiões, em quantidade, sem intermediários e com preços mais acessíveis”, explica o diretor de Marketing Giovan Ferreira.
O sucesso do novo segmento popular é inegável e empreendimentos com foco no consumidor final também estão em alta. A Rep Centros Comerciais desenvolveu um modelo especialmente voltado para a nova classe média brasileira. E o primeiro shopping da capital com este conceito, o Mais Shopping Largo 13, será inaugurado em outubro de 2010.


Com investimento de R$ 200 milhões, ficará localizado estrategicamente no maior pólo comercial da capital. Para o consumidor, será um centro de compras de passagem, com todo conforto de que um shopping oferece e a presença de grandes nomes do varejo como Magazine Luiza, American Shoes, Chilli Beans, Boticário, McDonald's, entre outros. A inovação está nas lojas modulares, criadas para o pequeno varejista. O espaço é entregue pronto para operar e o custo é fixo, a partir de R$ 3.000,00. Por conta disso, é possível que o consumidor também saia ganhando nos preços. “O lojista não precisa fazer nenhum investimento e não tem surpresas no final do mês com o custo de ocupação. E o espaço modular agradou, até o Boticário optou por um. Para o consumidor, fica perto do transporte público e ele não precisa se deslocar para fazer as compras. Além de aproveitar o conforto, a segurança e a variedade de um shopping aqui nessa região. A expectativa inicial é receber 1 milhão e meio de pessoas por mês”, completa o diretor de marketing Marcos Romiti. O shopping, que está com 70% dos espaços locados, terá 770 vagas de estacionamento, 1200 lugares na praça de alimentação e 8 salas de cinema da mexicana Cinepólis, que está chegando ao Brasil. O conceito não ficará restrito a São Paulo e já está sendo expandido. A próxima cidade a receber um Mais Shopping sera Niterói, no Rio de Janeiro. O bom momento para o setor também se aplica aos shoppings convencionais. Em maio de 2009 foi inaugurado o primeiro shopping de Diadema, o Praça da Moça. O shopping não é popular, mas está localizado em uma região carente desse tipo de empreendimento. Antes os moradores tinham que se deslocar até os shoppings de Santo André ou São Paulo. O fato influenciou na hora de escolher as lojas. A preferência foi para marcas que não estavam na região de influência do shopping. E quanto a região ter consumidores com um poder aquisitivo menor, Wilson Pelizaro, gerente geral do Praça da Moça explica melhor: “Nos meses que estamos funcionando, em conversas com lojistas, notamos que a região não é tão carente. Temos que admitir que estamos atravessando um bom momento econômico, mas lojas estavam preparadas para vender produtos mais populares, também estão vendendo para outros públicos. E quanto as grandes redes, os preços são os mesmos praticados em outros shoppings. O que pode acontecer é uma ênfase maior nas vitrines para produtos mais acessíveis.” E finaliza ressaltando o mais importante: “O shopping é, sempre foi e será, um local de convivência democrática. Existem produtos para todas as classes sociais. Todos os consumidores são bem-vindos.”