17 de mar. de 2010

A ascensão dos shoppings populares.

Matéria publicada na Revista Varejo e Oportunidades Janeiro/Fevereiro 2010.

O aumento do poder de compra das classes C, D e E causou forte impacto no varejo. A entrada de novos consumidores no mercado acelera o lançamento de shoppings até com nova rede de cinema mexicano.
Por Viviane Lopes

Antes do boom da classe C, o Shopping Popular da Madrugada de São Paulo já antecipava o surgimento dos empreendimentos voltados para esse público. Inaugurado em 2005, foi uma alternativa legalizada ao comércio realizado nas ruas do Brás e 25 de Março.
Atualmente, o espaço de 70.000m2 recebe 800 mil pessoas todo mês. A grande maioria de outras cidades e estados, em busca de produtos a preços populares para revenda. O shopping tem 5 mil boxes, com um valor médio de locação a R$ 400,00 cada. A maior parte, 85%, vende vestuário e os demais trabalham com bijuterias, bolsas, cintos, cama, mesa, banho e acessórios diversos. Todos os produtos têm garantia de procedência e nota fiscal. E para maior conforto dos compradores há telefones públicos, quiosques de alimentação, enfermaria, caixas eletrônicos, seguranças e pousada para mais de 400 motoristas e guias que trazem compradores diariamente.
No último ano, o crescimento foi de 12% e o mercado aquecido deve manter o aumento em 2010. O motivo do crescimento contínuo certamente está no modelo diferenciado de negócio: “É possível comprar varejo também no Shopping Popular, mas o grande diferencial é que eles vendem para lojistas e sacoleiros de outras regiões, em quantidade, sem intermediários e com preços mais acessíveis”, explica o diretor de Marketing Giovan Ferreira.
O sucesso do novo segmento popular é inegável e empreendimentos com foco no consumidor final também estão em alta. A Rep Centros Comerciais desenvolveu um modelo especialmente voltado para a nova classe média brasileira. E o primeiro shopping da capital com este conceito, o Mais Shopping Largo 13, será inaugurado em outubro de 2010.


Com investimento de R$ 200 milhões, ficará localizado estrategicamente no maior pólo comercial da capital. Para o consumidor, será um centro de compras de passagem, com todo conforto de que um shopping oferece e a presença de grandes nomes do varejo como Magazine Luiza, American Shoes, Chilli Beans, Boticário, McDonald's, entre outros. A inovação está nas lojas modulares, criadas para o pequeno varejista. O espaço é entregue pronto para operar e o custo é fixo, a partir de R$ 3.000,00. Por conta disso, é possível que o consumidor também saia ganhando nos preços. “O lojista não precisa fazer nenhum investimento e não tem surpresas no final do mês com o custo de ocupação. E o espaço modular agradou, até o Boticário optou por um. Para o consumidor, fica perto do transporte público e ele não precisa se deslocar para fazer as compras. Além de aproveitar o conforto, a segurança e a variedade de um shopping aqui nessa região. A expectativa inicial é receber 1 milhão e meio de pessoas por mês”, completa o diretor de marketing Marcos Romiti. O shopping, que está com 70% dos espaços locados, terá 770 vagas de estacionamento, 1200 lugares na praça de alimentação e 8 salas de cinema da mexicana Cinepólis, que está chegando ao Brasil. O conceito não ficará restrito a São Paulo e já está sendo expandido. A próxima cidade a receber um Mais Shopping sera Niterói, no Rio de Janeiro. O bom momento para o setor também se aplica aos shoppings convencionais. Em maio de 2009 foi inaugurado o primeiro shopping de Diadema, o Praça da Moça. O shopping não é popular, mas está localizado em uma região carente desse tipo de empreendimento. Antes os moradores tinham que se deslocar até os shoppings de Santo André ou São Paulo. O fato influenciou na hora de escolher as lojas. A preferência foi para marcas que não estavam na região de influência do shopping. E quanto a região ter consumidores com um poder aquisitivo menor, Wilson Pelizaro, gerente geral do Praça da Moça explica melhor: “Nos meses que estamos funcionando, em conversas com lojistas, notamos que a região não é tão carente. Temos que admitir que estamos atravessando um bom momento econômico, mas lojas estavam preparadas para vender produtos mais populares, também estão vendendo para outros públicos. E quanto as grandes redes, os preços são os mesmos praticados em outros shoppings. O que pode acontecer é uma ênfase maior nas vitrines para produtos mais acessíveis.” E finaliza ressaltando o mais importante: “O shopping é, sempre foi e será, um local de convivência democrática. Existem produtos para todas as classes sociais. Todos os consumidores são bem-vindos.”

19 de jan. de 2010

Já somos líderes mundiais em vendas diretas.

Matéria publicada na Revista Varejo e Oportunidades Novembro/Dezembro 2009.
Enquanto os sites se multiplicam e as vendas online atingem o consumidor até pelo celular, um antigo método subsiste e fatura milhões: a venda direta ou porta-a-porta.
Por Viviane Lopes

Os primeiros registros de venda direta datam do final do século XVIII. Ao Brasil, ela chegou em 1959 trazida pela Avon, líder global em vendas diretas e marca de cosméticos mais vendida no mundo. Hoje o mercado brasileiro de venda direta ocupa o terceiro lugar no ranking mundial. Em 2008 foram R$ 18,5 bilhões movimentados por 2 milhões de revendedores autônomos. E só nos primeiros 9 meses de 2009 o crescimento real acumulado foi de 13,5%. Definitivamente, a crise não atingiu o setor e o presidente da ABEVD – Associação Brasileira de Venda Direta – Lírio Cipriani, ajuda a entender por que:

“As vendas diretas são uma fórmula universal, mas as características do Brasil facilitam o desenvolvimento do modelo. O povo brasileiro gosta de se relacionar e isso estimula um ambiente favorável. O país tem dimensões continentais e os revendedores das vendas diretas, conseguem levar produtos de grandes marcas para consumidores onde o varejo ainda não se consolidou. Além disso, as vendas diretas dão oportunidade de trabalho para gente que, com ou sem qualificação, não se realizou em outra atividade profissional.”

A variedade de produtos oferecidos através da venda direta é imensa. Vai de alimentos a utensílios para casa, livros a roupas, calçados a cosmésticos, lingeries a brinquedos, e muito mais. Em 2005, a maior empresa de alimentos do mundo também aderiu às vendas porta-a-porta lançando o Nestlé Até Você.

O projeto começou nos bairros periféricos de São Paulo com 10 microdistribuidores e 800 revendedoras. Atualmente, 150 microdistribuidores e 6 mil revendedores treinados, oferecem Kits Nestlé com biscoitos, chocolates, iogurtes, fermentados e sobremesas. O público alvo são os consumidores emergentes, das classes C, D e E. Os kits mudam conforme as peculiaridades regionais e o perfil dos consumidores e por isso o Nestlé Até Você é um sucesso. O projeto já foi expandido para as regiões Nordeste e Centro-Oeste e deve chegar a quase todos os estados até o final de 2010.

Venda direta e venda porta-a-porta possuem diferenças entre si. A ABEVD esclarece que venda direta é venda por relacionamento e acontece quando existe um círculo social. Já o vendedor porta-a-porta não tem necessariamente um relacionamento com o consumidor e muitas vezes não o conhece. O fator em comum é que nos dois modelos o produto chega diretamente ao consumidor.

O Grupo Silvio Santos tem como DNA a venda direta, segundo o próprio diretor da SS Cosméticos, a Jequiti, Lásaro Carmo Jr. A empresa chegou ao mercado em 2006 para competir com Avon e Natura, dominantes do setor do Brasil. Hoje a Jequiti reúne mais de 70 mil revendedoras e 550 produtos, inclusive não cosméticos, no catálogo. O fato de ser uma empresa do grupo Silvio Santos e outras estratégias ajudaram na consolidação da marca, como explica Lásaro Carmo:

“A Jequiti nasceu dentro de um grupo de 40 empresas. Essa sinergia gera benefícios inigualáveis, como os programas Roda a Roda Jequiti e Ganhe Mais Dinheiro com a Jequiti". A empresa também investiu no relacionamento com as revendedoras: "Após o terceiro pedido, entregamos às consultoras um vale saúde e um vale desconto, que oferece até 80% de desconto em consultas médicas, medicamentos, exames laboratoriais e produtos de consumo. Um grande benefício que só pode ser realizado por causa da nossa parceria com o Banco Pan-Americano."

O incentivo para as revendedoras, em sua maioria mulheres jovens e donas de casa, é parte fundamental do negócio. Para aumentar as vendas, a Jequiti ainda cria promoções que dão ganhos superiores aos da concorrência. "Chegamos a oferecer promoções com 100% de lucro. Hoje temos 105 mil revendedoras trabalhando e uma fila de mais de 50 mil esperando para serem cadastradas. O pedido médio em outubro foi de R$ 330,00." Quanto a disponibilizar os produtos no varejo: "Seria estabelecer concorrência direta com as consultoras Jequiti. O possível aumento destas vendas não compensaria o desastre causado na relação com as nossas consultoras.", finaliza Lásaro.

Apesar dos cosméticos serem um produto tradicional na venda direta, não há produto que encontre resistência por parte do consumidor. Sandra Hara Chayo, diretora de marketing da Hope, lingerie distribuída pela Avon, comprova: "Como a marca tem o reconhecimento de conforto e qualidade, a cliente não pensa duas vezes em comprar pela foto. Ela confia na marca. As reclamações e devoluções através do SAC HOPE não chegam a 0,01%."

Para os varejistas que já estão pensando em ingressar nesse mercado lucrativo, há apenas uma ressalva: "a desvantagem das vendas por catálogo é a dificuldade logística e de abastecimento. Como é uma venda provocada pelo impulso, as previsões de vendas para estoque de produtos nunca tem 100% de acertividade. E o que está nas ruas fotografado tem que estar em estoque para pronta entrega.", avisa Sandra. Com certeza, um ponto negativo pequeno diante de tantas vantagens.

18 de set. de 2009

O impacto da nova classe média no varejo.

Matéria publicada no Portal da Editora Lamônica.
A estabilidade econômica, o aumento do crédito e os programas de inclusão do governo, possibilitaram a ascensão social de mais de 20 milhões de pessoas nos últimos anos. Responsável por 46% do total gasto pelos consumidores, a classe C é a nova classe média.

Por Viviane Lopes

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Cartões de Crédito devem reduzir custos para os lojistas.

Matéria publicada na Revista Varejo e Oportunidades Agosto/Setembro 2009.
Um estudo inédito do Banco Central avaliou o mercado de cartões de crédito e concluiu o que todos já sabiam: as taxas cobradas pelas operadoras de cartão de crédito são abusivas. Isso sem falar no duopólio, nos juros, na demora para repassar o valor da venda ao lojista e nas desvantagens para o consumidor. Felizmente tudo isso pode estar com os dias contados.
Por Viviane Lopes

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12 de fev. de 2009

Miami.

Matéria publicada na Revista L'uomo Brasil Novembro/Dezembro 2008.
Investidores que pagam em cash e obtém a tão sonhada casa de veraneio.
Por Bianca Moretto, de Miami

Miami Beach

No final da década de 80, Hercules Pimenta deixou o cargo de diretor da Pirelli no Brasil, vendeu tudo o que tinha e se mudou para a Flórida. Com o dinheiro, comprou 10 casas financiadas, construiu outras 13 e vendeu todas elas para brasileiros.
"Para deixar a casa pronta, precisávamos de aproximadamente 90 dias. Então o dinheiro girava rápido”.
Por conta da localização geográfica e da estrutura dos meios de transporte, Hercules acreditava que “Miami poderia ser a Cingapura do Ocidente”.
No início da década de 90, a maioria das lojas em Downtown Miami pertencia a brasileiros. No entanto, em 1992, o furacão Andrew destruiu a cidade deixando um prejuízo de 25 bilhões de dólares. No ano seguinte, Bill Clinton foi eleito presidente e adotou uma postura protecionista à indústria americana. O inesperado aconteceu: a economia ficou instável, os produtos importados foram sobre taxados e passaram a ser vistos com maus olhos e, simultaneamente, caiu o poder de compra dos clientes estrangeiros. O que parecia sonho virou pesadelo para muitos comerciantes que tiveram que fechar as suas empresas e voltar para o Brasil.

A VIRADA
Hoje o Brasil é o parceiro comercial nº 1 da Flórida. Para atender essa demanda, o Consulado Brasileiro em Miami possui um Setor Comercial (SECOM) que opera o "Brazil Trade Net".
“Trata-se de um cadastro com informações comerciais importantes, tanto de empresas brasileiras quanto de empresas norte-americanas, e que tem como objetivo a promoção comercial de produtos e serviços brasileiros no mundo todo. A assessoria oferecida pelo consulado é gratuita”, explica o cônsul Roberto Parente.
Entre as dezenas de companhias cadastradas estão a Embraer, Odebrecht, Gerdau, TAM e outras de pequeno, médio e grande porte. Os bancos também estão investindo por aqui. Em 2006, o Itaú comprou o Bank Boston e ao adquirir no "pacote" uma subsidiária do grupo com sede em Miami, passou a atuar aqui nos EUA como Private Banking (Itaú Personnalitè).
Maria Hilda Feitosa que trabalha no setor comercial do consulado brasileiro há 19 anos, explica que “ficou fácil abrir uma empresa nos Estados Unidos porque todo processo é eletrônico”. Além disso, a APEX, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, funciona como um Serviço Social Autônomo ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A APEX-Brasil acaba de expandir o Centro de Negócios de Miami. Agora, eles dispõem de 3.500m2 e oferecem importantes recursos às empresas brasileiras como áreas de escritórios, salas de reunião para encontros com compradores e showroom de produtos brasileiros.
O exportador que se instala no Centro, conta com apoio operacional para viabilizar o recebimento, armazenamento e despacho de mercadorias, incluindo Pick and Pack. Outra facilidade é a utilização dos escritórios da Apex-Brasil, incluindo eventuais despesas com telefone, fax e internet. O CN também dá suporte na seleção e contratação de serviços em Miami, tais como advogados, contadores, freight forwarders. Isso sem falar da organização de eventos promocionais nas dependências da Miami Free Zone.
Segundo a APEX, os setores com potencial de participação no mercado local são: instrumentos musicais, confecção, têxtil, gesso, móveis, cosméticos, equipamentos médico-odontológicos, alimentos, café, tintas, equipamentos eletrônicos, autopeças e plásticos.

Loja Carlos Miele em um dos mais elegantes shoppings de Miami.

OS EMPREENDEDORES
Alexandre Berger acaba de abrir uma loja Carlos Miele em um dos mais elegantes shoppings da cidade.
“Queria trazer alguma coisa do Brasil para os EUA e o Carlos Miele é o estilista brasileiro com nome mais forte fora do Brasil. Além disso, suas criações são a cara da mulher de Miami: uma mulher cosmopolita, internacional, tropical, sensual e preocupada com o corpo."
O investimento não é pequeno, além de propagandas em revistas, desfiles de moda e participação em diversos eventos, Alex conta com uma boa agencia de relações públicas para divulgar a marca na imprensa.
“A legislação americana é bastante simples para abrir a empresa. As dificuldades, em especial em Coral Gables, são as regras de construção locais, que tornam a obra demorada e custosa. Abrir uma loja em um shopping nos EUA custa em média entre 500 mil e 1,5 milhão de dólares. Dependendo de quanta reforma é necessária na loja, dos depósitos e das cartas de crédito exigidas pelo centro comercial e o tipo de acordo com a marca licenciadora”.
A também brasileira Ana Rocha fez mestrado na Universidade de São Francisco antes de vir à Miami. Diretora da inlingua Language Center, em Key Biscayne, ela sabe a importância de aprimorar o idioma para fazer bons negócios por aqui.
“Somos nove institutos no sul da Florida, com 20 funcionários fixos e mais de 200 professores de todos os idiomas. Cerca de 1.000 alunos estão matriculados, entre eles há muitos filhos de brasileiros que começaram a alfabetização no Brasil e se mudaram para cá. Eles buscam o nosso curso para ter um bom desempenho no novo colégio, onde estudarão. Fora isso a escola oferece o visto de estudante (I-20), um diferencial que serve como chamariz a novos clientes. Dessa forma, apesar da crise atual, nos mantemos estáveis”, explica Ana que viaja ao Brasil no mínimo duas vezes por ano para visitar a família, os amigos e captar novos clientes.

EFEITO DOMINÓ
Até o ano 2000, o custo de um imóvel em Miami era irrisório se comparado ao de outras grandes capitais americanas. No entanto, as construtoras enxergaram um novo potencial na cidade por conta dos baby boomers. O mercado entendeu que as crianças geradas no pós-guerra estavam se aposentando e buscavam por um lugar para morar que fosse agradável, com clima tropical e que oferecesse qualidade de vida.
Houve uma explosão de vendas neste segmento. Vários prédios foram construídos simultaneamente e um único investidor chegava a comprar dezenas de unidades. Em menos de 2 anos, o m2 que custava 2.500 dólares, saltou para cerca de 5 mil dólares. Na Brickell, o bairro favorito dos brasileiros, o m2 chegou a custar 7 mil dólares. No entanto, todos os apartamentos ficaram prontos praticamente ao mesmo tempo e faltou dinheiro para honrar as dívidas.
Hoje os clientes não conseguem pagar o novo valor acordado pela financeira e acabam perdendo o imóvel. Os bancos não podem ficar com os bens que acabam sendo leiloados por um preço muito abaixo do mercado. Os americanos, acostumados a depender do leasing, ficam de mãos atadas porque os bancos estão fechados para o sistema de crédito. Hoje os estrangeiros que têm dólares guardados conseguem adquirir imóveis em Miami por um valor, muitas vezes, abaixo do preço de custo.
Fabiana Pimenta que trabalha em parceria com a companhia italiana ProfessioneCasa, acaba de vender um imóvel que estava em Foreclosure no banco. Trata-se de um apartamento cujo m2 chegou a valer 6.000 dólares, mas foi negociado por 2.000. “Acredito que o meu cliente conseguirá, no mínimo, duplicar este valor daqui a três anos”, completa a jovem consultora.

O MERCADO DE LUXO
Essa oscilação não interfere de maneira tão agressiva no mercado de alto luxo. Raymond Bolduc acaba de vender um imóvel em Miami Beach com cerca de 1.300m2 no mais belo estilo Grego Mediterrâneo. O comprador russo pagou à vista 10,6 milhões de dólares por esta mansão à beira mar.
Não deve ter sido difícil convencê-lo: “Como a SOL Sotheby’s Realty é especializada em mansões pé na areia ultraluxuosas, o nosso desafio é mostrar as nossas propriedades da maneira mais poderosa possível. Nós normalmente utilizamos iates para apresentar ao nosso cliente a sua provável nova casa. O impacto da chegada pelo mar é muito significante”, conclui Bolduc.
Para não dizer que não houve desvalorização neste segmento, a SOL Sotheby’s Realty negociou um outro imóvel na North Bay Road, com 9 quartos e quase 3.000m2 por 13 milhões de dólares, sendo que o valor inicial era de 19 milhões.
O próximo comprador pode ser um brasileiro: “Acabo de receber uma solicitação do escritório de Sotheby’s Realty São Paulo. Estou procurando casas de praia entre 1 e 4 milhões de dólares, para quatro executivos de alto escalão”, completa o profissional que está neste mercado há 10 anos.

AS VANTAGENS
Hercules Pimenta conhece bem os dois lados da moeda, já que aproveitou a alta da década de 90 e acompanhou de perto a recessão americana. Ele se prepara para apresentar um seminário em São Paulo sobre as oportunidades de investimento no sul da Flórida.
De acordo com o empresário, “se você estava esperando o momento certo para comprar uma casa de praia em Miami, esta pode ser uma boa oportunidade. Encontre um broker de confiança para orientá-lo na aquisição, especialmente se estiver pensando em comprar um apartamento. Adquirir um imóvel em um condomínio vazio pode acarretar grandes despesas. Caso esteja pensando em investir, não espere ter um bom retorno antes de três anos”.
No mais, é só uma questão de estratégia. A ensolarada Riviera da América do Norte está a sua espera.

Eles fazem sucesso dentro e fora do país.

Matéria publicada na Revista L'uomo Brasil Novembro/Dezembro 2008.
Romero Britto e Zilando Freitas percorreram caminhos diferentes para alcançar o sucesso, mas têm algo em comum: uma arte festiva, bonita e que agrada a quem aprecia a alegria de viver.
Por Bianca Moretto e Viviane Lopes

Artista plástico muito bem-sucedido, Romero Britto, pernambucano de 45 anos, como muitos brasileiros, teve uma infância difícil. Mas o sofrimento e a pobreza não deixaram motivos para mágoas e ressentimentos. Pelo contrário, Britto quis alegrar o ambiente árido em que vivia e, aos 8 anos, começou a pintar em sucatas, papelão e jornal. Aos 14, vendeu seu primeiro. Anos mais tarde viajou para a Europa e exibiu seus trabalhos em vários países como Espanha, Inglaterra e outros, mas foi em Miami que se instalou definitivamente.
O pintor que chegou a mostrar seu trabalho nas calçadas de Coconut Grove, já era um sucesso de vendas no Mayfair Shops quando participou de uma campanha publicitária para a Absolut Vodka. Ele foi o 5º artista a ser contratado, depois de Andy Warhol, Keith Haring, Kenny Scharf e Ed Ruscha. A campanha trouxe projeção e consolidou seu sucesso, fazendo com que outras grandes empresas começassem a incorporar sua arte em projetos especiais.
Em entrevista à L’UOMO BRASIL contou: “Admiro Picasso, Matisse, Chagall, Andy Warhol e Linchtenstein, entre outros. E me inspiro no que vejo de belo na vida, na beleza do mundo e das pessoas. Sempre gostei e admirei o belo, acho que tem tanta coisa bela no mundo, então me inspiro no que de mais bonito posso ver".

Romero Britto e uma de suas inúmeras obras.

ART POP
As obras de Romero retratam o dia-a-dia com muitas cores, formas geométricas e um jeito muito particular e alegre que o pintor nunca quis mudar. Sua arte pop utiliza vários suportes, e é copiada por muitos e motivo de polêmicas. Para quem fala que sua criação é comercial responde: “Tudo o que é feito tem uma razão, seja comercial ou não. Eu comecei a pintar para ver minha vida mais alegre quando criança, hoje vendo minhas obras de arte. Pessoas influentes adquirem minhas obras, mas fico feliz em saber que elas também estão nas capas de cadernos dos estudantes”.
O pintor que se prepara para expor no Louvre, tem brasileiros entre seus colecionadores, mas conta que seu sucesso é maior nos EUA e Europa: “No Brasil as pessoas não estão abertas a coisas novas, artistas novos e talentosos”. Mesmo assim tem como clientes os Safras, alguns ex-presidentes e o próprio presidente Lula. Além de Madonna, Carlos Slim, Juan Perez Simon, Ernest Beyeler, Arnold Schwarzenegger.
Mas os clientes renomados não são os únicos a apreciar suas obras. Em maio de 2008 o Instituto do Câncer de São Paulo Octávio Frias de Oliveira ganhou um painel de 15x3m e em outubro, o metrô Tietê ser presenteado.
“A arte tem uma grande responsabilidade, ela pode abrir os olhos das pessoas para um mundo diferente. Para mim é sempre uma alegria doar uma obra minha, pois as crio para o mundo. O cuidado e o respeito para com as mesmas já me deixam feliz.”

Zilando Freitas recebeu muito apoio e incentivo da amiga Naomi Campbell.

ZILANDO FREITAS
Este outro brasileiro de sucesso também tem uma marca registrada, a bandeira do Brasil estilizada que assina cada trabalho seu. Mas apesar das referências abertamente brasileiras, o paulista Zilando Freitas é globalizado. Já morou em Tokyo, Los Angeles, Miami e Milão. Atualmente, intercala períodos entre as megacidades London, New York e São Paulo.
Zilando, que nunca estudou nada relacionado à arte, começou a pintar em 91 por um forte motivo: “Um amigo meu surfista profissional, o Taiu, tinha sofrido um acidente pegando onda e ficou tetraplégico. Nessa época eu morava com o irmão dele na Rua Oscar Freire e como o apartamento era todo branco, resolvi pintar uns quadros para alegrar o ambiente. Desde então, nunca mais parei”.
Antes de se aventurar no mundo das artes plásticas, foi pizzaiolo, assistente de cozinha, barman e proprietário dos bares Kintamani, The Bar, Bothecno e Small Club. Foi nesses lugares que amigos como Fernanda Lima, Ana Hickman, Julio Pignatari e Mario Garnero, entre outros, começaram a conhecer e adquirir os trabalhos que fazia. O que era então uma brincadeira, virou coisa séria.
"No cenário internacional uma amiga que me ajudou muito foi a Naomi Campbell. Ela vendeu peças minhas para o Bono Vox, Lenny Kravitz, Nelson Mandela, Flávio Briattori, Ron Wood e outras pessoas famosas pelo mundo.”
O percurso que foi natural para Zilando, nem sempre é fácil para artistas iniciantes. O mercado de artes é amplo e está aquecido, mas tem muitas variantes. Zilando cobra em média de 15 a 20 mil dólares o metro de seu trabalho, mas ressalta: “Depende da peça, do cliente e do lugar. Cada venda é singular.”
Agora ele se prepara para fazer uma exposição em Nova Iorque e confirmar a entrada do seu maior trabalho para o Guinnes Book, uma bandeira feita com mais de 500.000 nós de tecido para o Cafe de La Musique. E avalia que o auge de sua carreira será o lançamento da campanha Up Brasil, Unir para o Brasil Sorrir: “O Brasil é carente de educação e saúde e estamos trabalhando para mudar esse cenário triste que é a realidade e dar mais oportunidade para a criança do Brasil.”

INTERNET
www.zilandofreitas.blogspot.com
www.romerobritto.com.br

6 de fev. de 2009

Ella manda na arte.

Matéria publicada na Revista L'uomo Brasil Novembro/Dezembro 2008.
A empresária Ella Fontanals-Cisneros nasceu em Cuba, foi criada na Venezuela e tornou-se internacionalmente conhecida. Às vésperas de um dos maiores eventos de arte dos Estados Unidos, o Art Basel Miami Beach, a colecionadora falou com exclusividade à L'UOMO BRASIL.
Por Bianca Moretto, de Miami

Ella Fontanals-Cisneros começou a se interessar por trabalhos de artistas latino-americanos na década de 1970, quando morava na Venezuela. "Eu adquiri uma galeria quando ainda era muito jovem e, a partir de então, comecei a colecionar arte", explica a empresária de 64 anos que já investiu milhões de dólares neste segmento. Hoje, a sua coleção inclui fotografias, videoarte e peças inovadoras vindas dos mais diversos países.
Como cidadã do mundo, divide o seu tempo entre residências em Caracas, Miami, Madrid, Nápoles e Gstaad, na Suíça. Dessa forma, ela traz uma perspectiva internacional para a sua coleção e para as suas duas instituições sem fins lucrativos estabelecidas em Miami, Cisneros Fontanals Art Foundation (Cifo) e Miami Art Central (MAC).
Fundada em 2002, a Cifo incentiva o entendimento e a apreciação do trabalho de artistas contemporâneos da América Latina através de patrocínios, exibições e publicações bilíngues.
Ella Cisneros enriqueceu a comunidade artística de Miami em 2003 fundando o Miami Art Central (MAC). Em apenas três anos, o MAC trouxe à cidade trabalhos internacionais, incluindo o vídeo de arte do Centre Pompidou, e um show solo do artista sul africano William Kentridge.
"Eu nasci com arte na alma. Criatividade faz parte do meu dia-a-dia tanto para fechar negócios quanto para as experiências cotidianas."
Em dezembro de 2006, a colecionadora promoveu uma fusão do MAC com o Miami Art Museum (MAM) para fortalecer o programa contemporâneo do Museu. Com isso, inspirou outros colecionadores e líderes civis no sul da Flórida a somar forças para transformar o MAM em um dos melhores museus de arte do País.
"A arte influencia as nossas vidas e escolhas, seja através de outdoor que você vê nas ruas ou por projetos de prédios magníficos que valorizam as nossas cidades, desde pratos criativos para cozinhas top de linha até os carros que dirigimos."

ART BASEL MIAMI BEACH
A primeira edição do Art Basel Miami Beach aconteceu em Dezembro de 2002. "Trata-se de uma das feiras de arte mais importantes do mundo, se não for a mais importante. Miami tem recebido benefícios tremendos por ser a cidade anfitriã", orgulha-se Ella, ciente de que a capital da Flórida ganhou o título de art city, logo após a estréia do evento.
Como irmão do evento Switzerland's Art Basel, o mais prestigiado show de arte do mundo nos últimos 39 anos, Art Basel Miami Beach combina uma seleção internacional das melhores galerias com um programa de exibições especiais, festas e eventos simultâneos de música, filme, arquitetura e design.
Quem prestigiar o evento deste ano, terá a oportunidade de conferir cerca de 250 galerias, cuidadosamente selecionadas por um comitê, entre as mais de 800 inscritas. Os brasileiros serão representados pelas galerias: Brito Cimino, Fortes Vilaça, Millan Strina e A Gentil Carioca.

Serviço
Art Basel Miami Beach
De 4 a 7 de dezembro, 2008
Art Deco District
Miami Beach- FL
Entraga paga
Entrada paga