24 de jul. de 2007

Uma viagem ao mundo do silêncio.

Matéria publicada na Revista L'UOMO Julho/Agosto-2007.

O mergulho subaquático é um hobby, ou esporte como dizem alguns, que vem fisgando cada vez mais adeptos. As incontáveis belezas do fundo do mar não são mais tesouros inacessíveis e escondidos. Mergulhar hoje em dia é seguro, fácil e certamente inesquecível. Mergulhe agora nessas águas, por pouco tempo ainda, desconhecidas.
Por Bianca Moretto e Viviane Lopes

Em junho de 2007 completaram-se 10 anos da morte do explorador Jacques Costeau. O francês inventor do SCUBA (Self-Contained Underwater Breathing Aparattus), cilindro com ar comprimido enviado até a boca, foi um marco divisor na história do relacionamento homem-mar. Antes dele, os segredos submarinos eram uma incógnita, o homem conhecia muito pouco das profundezas do mar e de seus habitantes ameaçadores. Jacques Costeau desenvolveu o escafandro autônomo em 1943, junto com o engenheiro Emile Gagnan. Antes disso, para mergulhar, somente com os pesados escafandros ligados por um tubo à superfície.
Desde então, Cousteau começou a mergulhar com a ajuda do seu invento e não parou mais. Desvendou destroços de antigos navios, descobriu diversas espécies e viu belezas inigualáveis. Em 1947 ele alcançou a profundidade recorde de 100 metros. Mas Jacques Costeau fez mais ainda pelo mergulho, além das melhorias na prática, ele divulgou para o mundo todo o que estava descobrindo. Foram dezenas de livros e filmes amplamente vistos e divulgados mundialmente. Um dos mais famosos é, O Mundo do Silêncio de 1956. Jacques Costeau com certeza despertou em milhões de pessoas um desejo: conhecer o fundo do mar.
Com esse mesmo desejo Ricardo Meurer descobriu por acaso o mergulho subaquático, e com ele o fundo do mar, há 25 anos. O primeiro mergulho não foi planejado, um dia na Praia de Guaiba no Guarujá, sem esperar, Ricardo mergulhou com o cilindro de um amigo do seu grupo. "Nessa época era tudo muito mais difícil, os equipamentos grandes e rudimentares. Eram pesados, caros e difíceis de ser encontrados", conta. Dez anos, muitos certificados e mergulhos depois, o mergulhador transformou a paixão em negócio. Montou a empresa Scuba Point, uma das mais conceituadas do mercado brasileiro, que oferece tudo que um mergulhador de primeira viagem ou profissional necessita. O instrutor, empresário e mergulhador, com a experiência de 3.000 mergulhos, deixa apenas um conselho para os iniciantes "não toque em nada que você não conhece". Fora esse pequeno alerta, Ricardo atesta que não há perigos, pois mergulhar "é uma atividade muito segura".

AULAS, BATISMO E ESPECIALIZAÇÃO
Mas nem todos precisam ser como Ricardo, não são necessários 25 anos de experiência para se tornar um mergulhador, muito pelo contrário. O curso básico para mergulho autônomo dura apenas um final de semana. Parece pouco, mas é o tempo suficiente para o aprendizado de aulas práticas e teóricas. O aluno vai aprender sobre a pressão do mar, o ambiente aquático, as reações fisiológicas do corpo embaixo d’água, terá aulas práticas na piscina, etc. O candidato a mergulhador também fará um exame médico para detectar possíveis impossibilidades, que são raras. Num primeiro momento apenas epilepsia ou problemas cardíacos graves impedem a atividade. Casos mais específicos são avaliados individualmente. A idade mínima para o mergulho é de 10 anos, e a máxima não existe, estando com a saúde em dia não há limites.
Ao concluir o curso vem o primeiro mergulho no mar, ou batismo como dizem os mais experientes, e uma carteirinha regulamentada pelo PADI (Professional Association Diving of Instructors), órgão internacional de regulamentação do mergulho. A carteirinha que o aluno recebe do PADI é válida em qualquer lugar do mundo e é igual a de um mergulhador de qualquer outra nacionalidade.
O curso, além de rápido e fácil, não é caro, custa R$ 290 mais a carteirinha de R$ 75. Na Scuba Point o batismo costuma ser em Paraty, porque a cidade oferece águas calmas e cristalinas. O pacote para o final de semana com os quatro primeiros mergulhos sai por R$ 580 com tudo incluso, ônibus, duas diárias, alimentação e equipamento.
Aliás, o equipamento completo é da escola e o novo mergulhador só precisa adquirir o equipamento básico: máscara, snorkel e nadadeiras, que custam a partir de R$ 180. Em mergulhos futuros a pessoa poderá optar por alugar o equipamento ou se preferir, adquirir os mesmos nas lojas especializadas.
Depois do curso básico o novo mergulhador não terá mais limites e pode se especializar em diversas categorias como: naufrágio, cavernas, noturno, profundo, foto submarina, biologia marinha, etc. A especialidade Overhead, por exemplo, treina o mergulhador para ambientes fechados e com teto; a Nitrox, muito útil, aprofunda os conhecimentos sobre mergulhos com percentual de oxigênio mais elevados; a Foto e Video Submarino, ensina a fotografar ou filmar embaixo d'água. O mergulhador pode se informar detalhadamente sobre cada uma das especialidades e descobrir a que mais lhe interessa e se aproxima do seu perfil.
O mergulho também não precisa ficar restrito ao mar, é possível mergulhar em rios, lagos, cavernas, enfim, tudo que tenha água e possa oferecer um mergulho interessante. Se a água de rios e lagos não for tão clara e cristalina quanto a do mar, existem lanternas que ajudam a melhorar a visibilidade. As possibilidades são infinitas, basta usar a criatividade.
Basicamente existem dois tipos de mergulho: o livre e o autônomo. O livre não utiliza aparelhos de respiração e está dividido em snorkeling e apnéia, suspensão momentânea da respiração. O snorkeling pode ser praticado por qualquer pessoa que use o snorkel – uma espécie de óculos de natação com um tubo respiratório acoplado – para respirar enquanto nada e realiza pequenos mergulhos. Já a apnéia exige muito mais preparo, e geralmente é utilizada por caçadores submarinos, para grandes profundidades e tempos longos. Somente pessoas treinadas conseguem utilizar esta técnica. O mergulho autônomo é o mais conhecido, nele a pessoa utiliza aparelhos de respiração subaquática, normalmente um cilindro e um regulador de ar acompanhados de um colete equilibrador.

MELHORES POINTS
No Brasil os melhores lugares e mais procurados são Recife e Fernando de Noronha, uma verdadeira unanimidade entre os mergulhadores. Fora do país a melhor pedida é Cozumel no México, seguido da Ilha Bonaire que fica ao norte da Venezuela. A visita de uma semana para Cozumel ou Fernando de Noronha, pode custar em média US$ 1.800, com passagens e diárias inclusas, sem alimentação. Aliás, a semelhança de valores entre Fernando de Noronha e destinos internacionais tem feito muitos mergulhadores mudar a rota da viagem, já que Fernando de Noronha além de cara, é área de preservação ambiental, o que restringe ainda mais o turismo.
O mercado de mergulho no Brasil cresce num ritmo contínuo em média 10% ao ano. Hoje são 150 mil mergulhadores e quase 1.000 instrutores credenciados. Um verdadeiro incentivo para quem deseja fazer do hobby profissão, para tanto basta fazer cursos profissionalizantes necessários e se tornar instrutor.

FASCÍNIO
Quem também se rendeu ao fascínio do mergulho foi o apresentador Márcio Moraes, seu programa Companhia de Viagem completa 11 anos em outubro de 2007. Ele que também assina uma coluna semana na revista Caras, em entrevista à L'UOMO sugeriu alguns points de mergulho que são imperdíveis. “Neste quesito todo mundo cita Fernando de Noronha, mas Bombinhas, em Santa Catarina, também proporciona bons momentos para a prática.” Cuba, Maragogi, Tahiti e República Dominicana foram alguns dos lugares que mereceram reportagens especiais sobre mergulho. “Um dos momentos mais surpreendentes foi no Tahiti, quando mergulhei com as arraias. A força das nadadeiras contradiz a aparência frágil do peixe”. Formado por Claudio Guardabassi, campeão brasileiro de apnéia, Márcio revela que já levou um susto em alto mar quando voltou à superfície e o barco em que estavam havia sumido. O temor passou rápido, logo o piloto estava de volta, depois de deixar uma tripulante que se sentiu mal. Mas, ficou a lição: “ É preciso respeitar o mar. Mergulhar sozinho jamais. Para mim, mergulhar é intrigante por pensar que quase tudo que vemos na superfície já esteve submerso. Existe um mundo desconhecido lá embaixo que guarda segredos da nossa existência”.
Internet
www.mergulho.com.br
www.brasilmergulho.com.br
www.mergulhomania.com.br
www.scubapoint.com.br

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