18 de mai. de 2007

Do que as mulheres gostam?!

Matéria publicada na Revista L'UOMO Mar/Abr-2007.


Muitos homens já desejaram que suas respectivas namoradas ou esposas viessem com um manual de instruções. Alguns alegam fazer de tudo para agradá-las e reclamam das tentativas frustradas. Do desafio da primeira abordagem no barzinho até o convívio sob o mesmo teto, os desafios se alternam, mas o grau de dificuldade não. Como retomar o “dating game” depois de um divórcio? O escritor americano Peter Post precisou de 268 páginas para responder a esta e outras questões da arte de portar-se bem. Nós resolvemos entrevistá-lo por telefone e escrever uma matéria com algumas das regras fundamentais para que se faça amor e não guerra entre os sexos.
Por Bianca Moretto e Viviane Lopes.

Tudo começa no Instituto Emily Post, nome dado em homenagem a avó do escritor Peter Post de 56 anos que já publicou três livros de etiqueta, entre eles o que usamos aqui como ponto de partida. O título em inglês é “Essential manners for men”, bem diferente do publicado no Brasil “Do que as mulheres gostam”. Quando perguntamos o que ele acha da tradução, Peter ri e diz estar surpreso, mas não descontente.
Durante alguns meses mulheres do mundo todo responderam a uma pesquisa disponível no site do Instituto. Com perguntas que variam entre “o que mais te irrita em um homem” e “o que mais te agrada” as representantes do sexo feminino foram revelando os seus desejos por trás da frágil auto-suficiência. Foram 4 questionários divididos em: Dia-a-Dia, Vida Social, Vida Profissional e Ocasiões Especiais. Com base nesta pesquisa e nas experiências vividas durante os seus 32 anos de casamento, Peter colocou no papel dicas essenciais para viver em paz com o sexo oposto.
Como ele mesmo disse, “etiqueta não é simplesmente um conjunto de regras a serem seguidas, mas um código segundo o qual devemos tratar bem as pessoas, baseados nos princípios de consideração, respeito e honestidade.” A regra parece ser muito simples, tão óbvia que quando desmistificada pode perder o merecido valor.
O homem moderno parece ter se esquecido de algumas regrinhas básicas, e muito importantes, para a convivência pacífica com a sua companheira. Algumas palavras e atitudes de cavalheirismo sumiram. “Por favor, Muito Obrigado, Com licença, parecem ser vistas pelos homens como palavras ultrapassadas para o uso cotidiano”, reclamam as mulheres que responderam a pesquisa. E a insatisfação não para por aí. Velhas discussões entre os sexos como: ser pontual, tirar o chapéu em ambientes cobertos, abrir a porta do carro, abaixar a tampa do vaso sanitário, cuidar do asseio e usar a roupa correta para cada ocasião, continuam presentes na lista das reclamações femininas.

ESTA NÃO É A PRIMEIRA OBRA QUE TENTA AJUDAR OS HOMENS A DESVENDAR OS MISTÉRIOS DO UNIVERSO FEMININO
No filme “What women want” com tradução para o português, igual a do livro, “Do que as mulheres gostam”, o ator Mel Gibson interpreta um executivo bem sucedido que acreditava ser um verdadeiro presente de Deus para qualquer pretendente. Porém, depois de um acidente, passa a ouvir tudo o que as mulheres estão pensando e descobre que a opinião delas a seu respeito não era exatamente o que ele imaginava. Já que a vida real não nos presenteia com tais dons, apure os seus sentidos e a sua percepção. Esteja alerta para admitir que algumas atitudes consideradas por você como superacertivas podem estar erradas. Fizemos um teste com um casal próximo. O rapaz explica que a namorada nunca fez questão que ele abrisse a porta do carro. “Vou parecer antiquado”, disse. Por isso, ele só abria quando estava muito próximo ou quando ela precisava de ajuda por carregar alguma coisa. “Ela não liga pra isso, ao menos nunca falou”. Quando a parceira chega na sala e perguntamos o que ela acharia se ele sempre agisse com tal cavalheirismo. A resposta foi imediata: “Seria incrível, eu adoraria. Mas, ele nunca faz isso.” Falta de atenção dele ou orgulho por parte dela?
Para Peter, as mulheres são “igualmente culpadas pelo excesso de feminismo, por querer sempre mostrar que falam de igual para igual, quando na verdade as diferenças existem sim e não há nada de errado nisso”.

AS MULHERES MUDARAM. MAS SERÁ QUE OS HOMENS ACOMPANHARAM?
Uma jornalista do New York Times publicou em seu blog pessoal que está insatisfieta com as consequências da sua liberdade sexual conquistada com esforço pelas suas ancestrais. Aos trinta anos ela, depois de se dar o direito de curtir vários namoros relâmpagos, está solteira, morando sozinha, e sem pretendentes para o, agora desejado, matrimônio sólido. Os homens parecem aprovar a fase “viva o momento” mas na hora de casar ainda preferem as conservadoras. Falando em casamento, no Brasil as uniões oficiais diminuíram. De acordo com o IBGE, “a taxa geral de nupcialidade legal caiu gradualmente durante a década, passando de 8,0 por mil habitantes em 1990 para 5,7 por mil em 2001”. Essa tendência de queda foi observada principalmente no Sudeste e no Sul do país. Na Europa não é diferente. O Instituto de Estatística Italiano acaba de divulgar um estudo intitulado: “O casamento na Itália: uma instituição em mudança”. O trabalho revela que cresce o número de casais que decidem formar uma família sem o vínculo do casamento. Além disso, as relações são oficializadas cada vez mais tarde, quando os homens tem em média 32 anos e as mulheres 30. Talvez a jornalista americana tenha maiores chances por lá.

NÃO É DE SE ESTRANHAR QUE VOCÊ NÃO SAIBA O QUE AS MULHERES QUEREM, TALVEZ NEM ELAS SAIBAM
O sexo feminino está provando as delícias e os dissabores das suas escolhas, e está cada vez mais difícil impor as suas vontades sem cair em contradição. As mulheres querem cavalheirismo e liberdade, querem um homem dedicado que também seja um bom amante, podem até dividir as despesas desde que os salários estejam equivalentes, mesmo as que possuem o dom de cuidar da casa acham justo dividir a louça depois do jantar. Porém, não abrem mão de “little niceties”, usando a expressão de Peter, que quer dizer pequenos gestos que demonstram dedicação, amor e respeito como: abrir as portas, puxar a cadeira, trazer flores - nem que seja uma -, levar café na cama, etc.
Quanto ao ambiente de trabalho, é importante ressaltar que a cultura de cada país influencia bastante na postura que deve-se tomar. Entrar em um elevador sozinho com uma mulher é uma situação evitada pela maioria dos homens nos Estados Unidos. Lá, não é preciso muito para ser processado por assédio sexual. Voltando a nossa enquete com pessoas próximas, arrisco em revelar a tática adotada por um colega de trabalho. Ele diz criar uma linha imaginária de dois metros de distância de todas as mulheres com quem estabelece vínculo profissional: “Assim, não há riscos de confusão ou mal entendido”, revela com senso de humor.
Se você também tem reivindicações a fazer, vale a dica: apesar do livro “Do que as mulheres gostam” ter sido escrito para o público masculino, as regras de etiqueta valem para os dois sexos. Tanto que o autor acredita que o número de homens e mulheres que compram, lêem e apreciam a obra é proporcionalmente equivalente.
O título do livro dá margem a muitas especulações. Do que as mulheres gostam poderia ser um livro de conquista, de relacionamentos, de sexualidade, enfim, inúmeros assuntos. Não é, mas uma coisa é certa, apesar do livro não possuir o intuito de ensinar nenhum homem a ser um conquistador irreparável, aquele que seguir os conselhos de Post certamente fará muito mais sucesso com as mulheres.
Certa vez durante uma tarde de autógrafos, o autor foi abordado por um homem que após 20 anos de casamento tinha acabado de se divorciar. Naturalmente depois de tanto tempo fora do jogo da conquista, ele não sabia como voltar ao “dating game”. Sem saber como agir, muitos homens, mesmo os que não ficaram um único dia sem conquistar alguém, ainda não sabem a melhor maneira de abordar uma mulher.
Para finalizar, Peter tem um passo a passo para a primeira abordagem que poderá te ajudar da próxima vez que encontrar aquela mulher maravilhosa, com a qual você sonha há tempos.
Antes de começar – Faça uma autochecagem e mostre o seu melhor lado, positivo, entusiasmado e autoconfiante.
Primeiro: sorria e faça contato visual – A paquera começa quando você sinaliza seu interesse em outra pessoa ou vice-versa. Para que isso aconteça, naturalmente você terá que se arriscar e sorrir primeiro.
Segundo: a abordagem – Agora você enfrentará o maior obstáculo, puxar conversa. Não existe abordagem perfeita, portanto nem pense em cantadas decoradas, isso soará falso. A honestidade com uma pitada de modéstia muitas vezes faz milagres.
Terceiro: entabule um diálogo – Esteja atualizado em diversos assuntos interessantes como política, esportes, celebridades, cultura, entretenimento, enfim tudo. Você pode ir treinando a interação com desconhecidos. Vale tudo, taxistas, entregadores, caixas de supermercado, etc. A lista é infinita.
Quarto: esteja atento – Fique alerta aos sinais que a outra pessoa emite. Nem sempre seus esforços serão frutíferos, você precisa estar preparado para aceitar esses sinais com dignidade e se retirar na hora certa. Nesse caso sorria e responda: “Divirta-se! Foi legal conhecer você”. Fórmulas a parte, “Dedicação, respeito e honestidade” são fundamentais, esta tríade nunca será antiquada.

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